quarta-feira, 17 de maio de 2017

Fusão LVI



FUSÃO LVI

Caminho para ti num mar de espuma 
Como se o horizonte fossem os teus braços 
E o sussurro cambaleante das ondas a tua voz a guiar-me...


E levito
suspensa das nuvens alvas que amparam o céu
e do azul que me envolve em cima e por baixo;
Sólidos como as rochas que deixei para trás
E a terra firme que não piso, mas os meus pés sentem.

Navego 
Nesta imensa abóboda celeste e aquática,
Incomensurável como o universo que nunca vi senão nos livros
Mas tão aconchegante como o pátio da minha casa.

A vastidão que os meus olhos ávidos alcançam
queda-se na distância de apenas um passo
e no tempo ínfimo de um batimento cardíaco.

Ao fundo
Naquela linha imaginária onde mora o arco-iris,
vejo claramente os teus olhos que me sorriem
E a tua boca que se me oferece, num beijo 
trazido pela gaivota que agora caminha ao meu lado
e colocou nas minhas mãos as asas com que voo...

Ah! Quem me dera ter barbatanas para te surpreender
aí, nesse pedaço de mar onde te sentas e me chamas!
E ter os pulmões das baleias para mergulhar nas profundezas
onde habitam os estranhos peixes que entoam a música roubada às sereias exiladas!

E estas montanhas verdes que se erguem à minha volta
Queria escalá-las com as garras de um urso ou de um condor
E escavar desta gruta que se abre numa clareira
A esmeralda que lá escondi há muito tempo
quando li nos pergaminhos antigos
o mapa que me faria encontrar-te!

ASC ©
(direitos reservados)

Foto: Foz do Lisandro-Mafra-Portugal, gentilmente cedida por PV, o meu amor a quem agradeço por três meses de felicidade

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