segunda-feira, 13 de junho de 2016

QUANDO AS ESTRELAS SE APAGAM






QUANDO AS ESTRELAS SE APAGAM

Fatigadas, as manhãs trazem o sabor insone da madrugada
E coroam de chumbo o azul límpido dos céus de verão.
Leve a neblina, para mim densa como de inverno,
E nem as flores virtuosas me oferecem côr com alegria.

Ao meio dia, o sol enfraquece muito aquém da temperatura;
E na hora do ocaso, toldados pelo sal agreste da agonia,
Os olhos fecham-se ao espetáculo crepuscular.

Mas quando, finalmente, a noite estende o seu manto,
A lua pálida esconde-se por trás das estrelas apagadas
E o silêncio impõe-se na impoluta escuridão.

Só então os meus órgãos relaxam no corpo exaurido
E eu, enfim, sossego, na minha perene solidão.

ASC

(direitos reservados)

TUDO E NADA





TUDO E NADA

Disseste que me davas o sol e os mais belos invernos
Mares de coral com serras nevadas ao fundo
Luares a perder de vista e noites quentes de verão
Céus infinitamente estrelados todos os dias do ano...


Prometeste-me roseirais e campos de malmequeres
Alpendres de giestas, carvalhos e ciprestes;
Um ribeiro com pontão e um pequeno barco à vela
Uma casa térrea branca inundada de luz.

Juraste-me amor eterno, parceria inquestionável,
Beijos pela manhã, abraços ao fim da tarde;
Mãos entrelaçadas, olhares cúmplices invisíveis,
Carinho em todas as horas, momentos inesquecíveis...

Prometeste felicidade, perfeição, o infinito;
Eu esperei somente amor.
Hoje aqui estou, sozinha.
E o que tenho, é nada!...

ASC
16/05/2016
(todos os direitos reservados)

QUANDO A VIDA DÓI






QUANDO A VIDA DÓI

Quando a vida me dói sinto vontade de correr
Perder-me por aí, sem mapas nem destino,
Guiar-me só pelo calendário e relógio do Sol
Ir escolhendo, em cada dia, o meu caminho.


Esquecer tudo, o que antes me fez rir e chorar,
Apagar os ressentimentos e as desilusões,
E livre do passado, crer que posso recomeçar, 
Que a vida é feita de novos projetos e ilusões.

Mas olhamo-nos e vemos as rugas no rosto,
As marcas do tempo na pele, por todo o corpo,
A tez baça, curvas indefinidas, o brilho deposto.

Súbito, o ânimo que sentíamos queda-se amorfo,
As lágrimas antes suspensas recobram a gravidade
E enfrentar tudo parece ser a única verdadeira liberdade!

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18/10/2015; 01H50

INSÓNIA






INSÓNIA

Há ponteiros envenenados no relógio da vida
Suspensos no presente
Sangrentos do passado
Desencorajados do medo de tudo se repetir.
Se ao menos esta maldita insónia me deixasse a sós com a minha solidão 
Talvez o tempo durasse menos
e fossem outras as horas do coração...


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18/10/2015; 04H20

REVISITAR O CREPÚSCULO





REVISITAR O CREPÚSCULO

Que saudade já sentia de me sentar ao final da tarde em pura contemplação do pôr do sol ! 
Incrível esta pequena mas imensa bola de fogo, emanando calor que penetra tudo, até à alma!
E a tranquilidade do céu, impecavelmente pintado de azul, que todavia se rende, junto à linha do horizonte, aos tons rubros do crepúsculo !
É a hora a que nenhum cansaço se sobrepõe à energia revitalizadora da despedida do astro rei, e o coração se enternece, fazendo os sorrisos perderem a timidez, resplandecentes da esperança renascida!


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21/10/2015; 18h13



INVICTA




INVICTA

Invicta 
a cidade, a pronúncia arcaica,
a parte do meu coração que lá mora
e contudo, vive dentro de mim.

Invicto
o amor que é para sempre,
que nasce dentro de nós como uma semente
e cá fora cresce desmesurado,
Tanto, que não há medida que o meça ou em que caiba.

Invicta
a certeza que tenho do que não quero repetir,
a vontade de avançar, de prosseguir;
A determinação que reitero todos os dias
quando digo: não vou desistir!

Invicta
a felicidade que sentimos 
quando acreditamos que somos felizes; 
E a Vida, enquanto acreditarmos na felicidade.

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22/10/2015; 00h20

DESABAFO POLITICO





DESABAFO POLITICO

Vi do mundo o que não queria ver
Falsidade e egoísmo sem par
Vi famílias sem terem que comer
Milhões sem poderem trabalhar

Vi jovens perderem a esperança
Serem forçados a emigrar
Vi idosos perderem a vida
Por não se poderem cuidar

Vi um povo em sofrimento
Sem motivos para acreditar
Mas em vez de acabar com o tormento
Preferiu deixar-se humilhar

E assim estamos na triste situação
Sem sabermos o que irá acontecer
Menos mal que no meio da confusão 
Não será a coligação a vencer!

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22/10/2015; 23h14

POEMAS INACABADOS






POEMAS INACABADOS

Há poemas vivos, que jamais serão acabados.
Como a alma de quem escreve sem destino.


Poemas de quem é como está,
sem ensaio ou premeditação.

Poemas sem tempo, lugar ou propósito,
e de todos os tempos, lugares e propósitos.

Poemas de quem respira porque existe
e porque existe, respira.
E assim vai sendo, estando,
e existindo, fazendo poemas.

Poemas que são como se está e estão como se é.
Poemas que vão sendo escritos à medida que se existe.

Poemas vivos
que, como a vida, 
ficam inacabados quando chega a morte.

Mas ao contrário dela, nunca morrem;
vivem para sempre, inacabados.

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24/10/2015; 04h37

INCÓMODO



INCÓMODO

Tenho um nó na garganta,
Um misto de sal e de sol,
Como se os sorrisos que trago asfixiassem as lágrimas que sempre me acompanham
Enquanto se afogam neste mar de águas suspensas.


Habitam-me inquietos paradoxos humorais 
Que me trazem dores a um corpo que não parece meu;
Invólucro incómodo do qual às vezes gostava de libertar-me...

Ainda assim, receio que sobrasse só a parte dolorosa da alma.
Aquela que me faz companhia nos momentos de solidão 
E não me deixa ser verdadeiramente livre.

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24/10/2015; 23h04

DA CHUVA

Arte: Malevich



DA CHUVA

Cai a chuva intrépida sobre o mundo
Despenham-se os céus líquidos sobre mim...
E entre estádios inconstantes de matéria 
Paira um ser espiritual, profundo,
buscando, incessante, o seu lugar.
Pertencerá à terra, onde o corpo existe,
Ou a outro plano, onde aquele não cabe?
No tempo e lugar onde somos, percebemos esta dessincronia
E surge a dúvida:
Existimos porque somos
Ou para sermos, devemos deixar de existir?...


É inequívoca a beleza intrínseca da vida
e de todas as coisas que nos rodeiam.
Mas a beleza é efémera 
E essa constatação torna às vezes insuportável o simples acto de a contemplar.
É o que acontece quando a chuva fértil se torna um dilúvio arrasador
E o céu se transforma num teto ameaçando despenhar-se sobre as nossas cabeças...

Que bom é, nesses momentos, o conforto de estar em casa, enroscada numa manta, contando à filhota uma estória de encantar!
É quando tudo se relativiza e a vida é realmente bela, independentemente de tudo o resto.
E a felicidade, por momentos, parece algo realmente simples e acessível...

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26/10/2015; 21h50

INFÂNCIA LONGÍNQUA

Arte: Braque



INFÂNCIA LONGÍNQUA

Dantes o universo cabia inteiro na palma da minha mão 
E não havia mistérios que um simples olhar não desvendasse 
Nem propósitos impossíveis ao coração 
Ou lugares aonde o destino não me levasse.


Depois, não sei se, distraída, fui eu que minguei
Ou se foi o mundo que, intrépido, cresceu;
Certo é que ficou bem maior que eu,
E cheio de destinos longínquos 
e propósitos impossíveis 
e cada vez menos amanhãs para mudar tudo...

Hoje,
Parece que toda a infância foi uma ilusão 
E que nunca aconteceu.
E o que sou hoje, nunca antes me ocorreu!

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27/10/2015; 03h00

ABRAÇOS





ABRAÇOS

Gosto das noites com gestos, silêncios e palavras 
ou em que tudo isso está subentendido:
Os silêncios, nas palavras,
E os gestos, nos silêncios.
E em que os abraços acontecem, 
ainda que inconcretos,
num simples encontro mental,
numa reciprocidade em versos,
num toque apenas desejado...

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27/10/2015; 03h07

POEMA RENASCIDO







POEMA RENASCIDO

Era uma vez um poema. Vivo.
Mas escrito sob condição resolutiva. 
Um poema que era teu. 
E deixaria de sê-lo quando fosse lido 
por aquele para quem foi escrito. 
E esse alguém era eu.
Enquanto não foi lido, o poema morreu. 
Mas logo que foi descoberto, aberto, lido, relido, palpado e sentido,
O poema viveu.
E nunca mais foi esquecido por quem o leu.
E assim,
O poema que nasceu morto
renasceu !


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27/10/2015; 03h15

INVERNO DENTRO DE MIM






INVERNO DENTRO DE MIM

Dou voltas e voltas e mais voltas
E nada especial acontece
Salvo o suceder dos dias
E o que neles entristece.


Os dias acabam tão cedo
As noites chuvosas e frias
O Inverno chegou de repente
São tantas as horas vazias...

Anseio por um dia de Sol
Um só dia aconchegante
Um céu a rebentar de azul
E com o frio bem distante...

Mas basta que isso aconteça
Dentro do meu pensamento 
Para que tudo pareça
Dar-me conforto e alento!

ASC © - reservados todos os direitos
28/10/2015; 21h20

SEM IDADE





SEM IDADE

Dentro de mim resvalam os anos já vividos
E por fora são visíveis as marcas do tempo. 
Mas é pueril o que emerge dos meus olhos 
E são da minha infância as vozes que escuto.


Já o sol amanhece sempre com a mesma viva luz 
E dos crepúsculos ninguém diz que tenham envelhecido.

A noite depõe o seu manto com igual inocência 
E mantem-se o vigor enérgico das ondas do mar
E a pontualidade das fases da lua e das marés.

Tudo isto acontece desde antes que o carbono possa dizer
Com a mesma pureza com que desabrocha uma flor
E se reproduzem os alquímicos ventres femininos.

Por isso me confundem os algarismos que a identidade escreve
E as contas que a mente processa em face do calendário.

Se o mundo se alheia da extensão algébrica da sua idade
Nas efémeras mentes humanas igual milagre pode dar-se.
Baste que se guarde a memória dos tempos da inocência
E se ame em cada dia como se fosse o último para amar-se.

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29/10/2015; 19h06

O QUE SOU






O QUE SOU

Quem sou nunca vou saber.
E apenas adivinho
O que quero vir a ser.


O que faço
Nem sempre penso.
E o que penso
Nem sempre faço.

Mas sei 
Que escrevo o que penso
E que penso o que sou.

E aquilo que pareço
- que desconheço-
É sempre aquilo que dou.

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29/10/2015; 22h00

UM CONTO DE HALLOWEEN




UM CONTO DE HALLOWEEN

Subtilmente, a noite vai-se insinuando, discreta, pela abóbora celeste. Seguem-na, sem hesitação, as sombras que ainda há pouco cumpriam o seu juramento de fidelidade ao astro rei.
Pouco a pouco, a escuridão instala-se por toda a terra e pelo céu, e só a linha do horizonte resiste heroicamente à ocupação vitoriosa da rainha recém coroada.


Em poucos minutos, porém, a tímida linha impressionista pontilhada de mil cores que separava o dia da noite, juntando-os num exultante abraço de despedida, oferece-se também ao manto de Nix, e capitula sem reservas.
As sombras antes tímidas assumem a função de comando, e é vê-las invadindo tudo e todos, e bradando ordens no barco das Plêiades que acaba de aportar trazendo as fiéis estrelas, prontas para executarem a sua tarefa de lampiões celestes. Uma por uma, à voz de ordem superior, as estrelas vão tomando disciplinadamente os seus lugares, como soldados de um batalhão.

Tudo parece a postos para que se cumpra mais um reinado de Nix, quando esta, na sua voz grave e altiva, apercebendo-se da ausência da Lua, brada às pobres plêiades apavoradas:
- Onde está a princesa Seléne? Porque tarda em chegar? Näo saberá que é chegada a hora de se apresentar? E vós, súbditas imprestáveis, porque näo haveis cuidado de a trazer, como é vosso dever ?
Entreolham-se as estrelas, sem saberem o que dizer, temendo a fúria régia que já se adivinha no sobrolho carregado de Nix.
Vocifera a Rainha, fazendo tremer tudo como se do próprio Tistrya, Deus da Trovoada, se tratasse:
- Acaso estais surdas ? Perguntei-vos porque razão não chegou ainda a Princesa Seléne e porque não a haveis trazido, como vos compete?
Encolheram-se ainda mais as estrelas, temendo o castigo que usualmente lhes é aplicado em situações destas - serem encarceradas nas horríveis masmorras das nuvens negras ! - de tal modo que por momentos a noite ficou mergulhada na mais absoluta escuridão.

Súbito, interrompendo o silêncio ensurdecedor que se instalara, Vénus, a estrela manhã, porta voz das Plêiades, disse timidamente:
- Vossa Magestade, acaso ter-vos-eis esquecido que hoje é a noite de Haloween? Nesta noite a Princesa Seléne está livre das suas obrigações, e é provável que se tenha vestido de negro e ande por aí a pregar partidas disfarçada de bruxa....
Sorriu Nix, incontidamente, e abrindo o seu manto que ostentava, com magestade, o brilho de todas as Plêiades, disse no mesmo tom carinhoso e jovial que usava nas noites de Lua Cheia:
- Claro, que cabeça a minha ! Pois se fui eu mesma quem lhe preparou o traje!...

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30/10/2015; 20h44

A MINHA ESCRITA






A MINHA ESCRITA

A minha escrita é como uma máscara que uso
para poder ser todas as coisas.
Não as que desejava ser
mas as que realmente sou, por dentro,
e só as palavras podem desvendar.

Escrevo o que o coração me fala
Escrevo o que a alma me diz
Escrevo o que a razão me dita
Escrevo o que a consciência sabe que fiz.

Em cada palavra vai um pulsar
Em cada verso a minha respiração
Em cada estrofe a corrente sanguínea.

Em cada texto deixo parte de mim.
Semântica de átomos e moléculas
Ortografia de carne, sangue e suor
Caligrafia de lágrimas e de sorrisos
Corpo linguístico de tudo o que sou
Alegoria dos meus sentimentos.

Cada poema é um pedaço da minha alma
Uma estória inventada no meu pensamento 
Uma melodia que os meus órgãos entoam
Uma confissão, um desabafo,
Um segredo que desconheço.

A minha escrita é o meu trajar
e a minha nudez.
A minha escrita sou eu
e tudo o que Deus em mim fez.

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31/10/2015; 00h47

SORRISO

Arte: Da vinci, "Gioconda"


SORRISO

De mim sobrou a água evaporada
e o sal ressequido
De todas as lágrimas que chorei
E daquelas que a tristeza, fatigada,
não teve forças para verter.
Mas guardo ainda um sorriso
de todos os que ostentei:
Aquele que, apaixonada,
E sem me aperceber,
A ti, um dia, mostrei !


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31/10/2015; 01h13

PRECE PARA O NOVO ANO








PRECE PARA O NOVO ANO

O ano despede-se com chuva
Como se os Deuses quisessem limpar a Terra de todo o mal, 
Purificando todas as coisas vivas e não vivas;
Deixando imaculados os dias que hão-de vir
E abrindo espaço a todos os sonhos 
e à Mãe Esperança de todas as coisas!


Derramam os céus sobre nós esta água 
que cremos benta das supostas intenções divinas
De expurgar do mundo todas as injustiças, maleitas e iniquidades;
O sangue inocente derramado;
As misérias dos Homens, do corpo e da alma;
As solidão e pobreza dos velhos;
A tristeza das crianças que perderam a inocência 
porque lhes roubaram os pais, o pão, a casa, a escola e o sorriso;
A humilhação das Nações que tiveram de vender-se a outras Nações, 
a Bilderberg e a multinacionais que ninguém sabe quem são nem de onde
para poderem continuar a dizer-se Nações, mesmo não sendo verdade;

Recebemos esta chuva que cremos bendita
Para lavar o planeta de todo o sofrimento
do ar e da atmosfera
dos mares, rios e lagos
da terra, à superfície e nas entranhas,
das florestas e glaciares dizimados,
dos animais em extinção ou encarcerados!

Disse-me uma criança que me visitou em sonhos
Que esta chuva de água bendita 
por todos os Deuses em concílio
será bebida por toda a Flora e por toda a Fauna,
e chegará aos corações de toda a humanidade
tornando imaculadas todas as almas e mentes.

E a partir do primeiro segundo do novo ano
deixará um marcador genético universal 
que ditará a propensão instintiva 
de todas as coisas e de todos os seres
para cumprirem o novo imperativo categórico:

AGE SEMPRE CERTIFICANDO-TE QUE NÃO CAUSAS NENHUMA INFELICIDADE POIS SÓ ASSIM SERÁS FELIZ!

FELIZ ANO NOVO!!

ASC

OPACIDADE







OPACIDADE

Há momentos em que nenhuma língua é estrangeira
E não existem palavras imperceptíveis
Nem pronúncias que causem estranheza.


Momentos em que tudo é transparente
Límpido, sem sombras ou segredos,
E em que não há intangibilidades.

E como dói 
Quando nos escapam os momentos de clareza
Ou saber que a anterior opacidade
afinal, vinha de nós...

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31/10/2015; 01h48

IMPERCEPTIBILIDADES

























IMPERCEPTIBILIDADES

Amo discretamente, à distância. 
Ver é o meu beijo. 
Falar o meu abraço. 
Escrever a minha dádiva. 
Porque nas palavras eu sou tua e no silêncio tu és meu. 
E nestes cruzamentos imperceptíveis 
entregamo-nos um ao outro sem reservas. 
E sem amanhãs.
(...)
Só tu e eu sabemos. 
Só tu e eu sentimos. 
Só tu e eu partilhamos. 
Um segredo que será sempre secreto. 
Um segredo que jamais se olvidará. 
Um sentir eternamente silencioso.


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