quarta-feira, 12 de agosto de 2015

SONETO DA HUMILDADE

SONETO DA HUMILDADE

Exasperam as vozes emudecidas dos gritos que enrouqueceram
E nada mais afirmam ou exclamam senão uivos despropositados!
Tremem os frágeis cordeiros mansos das poderosas alcateias
Que lançam impunes ataques só egoísticamente justificados !

Oh Deuses da eloquência lavrada nas penas incrivelmente dotadas
Porque vos olvidais das meras Liras que aspiram à Tuba eloquente?
Incompreendidas são todas, é certo, nesta mundana superficialidade,
Mas não ordena a Justiça que ajudeis quem dela mais está carente?

Deve uma flor de campo que almeja uma simples jarra, ser condenada ? 
E se mesmo a própria jarra foi esculpida por mãos humildes em barro cru ?
Não merecerá por isso, como a flor, sobrevivente, ser também acalentada? 

Será uma simples papoila, selvagem e autodidata, exibindo o seu ser nú,
Menos que a orquídea, desabrochada de múltiplos e contínuos cuidados?
Ou convocará, por isso, e por tão efémera, atenção e carinho redobrados?

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